segunda-feira, 5 de março de 2012

O "sim"



... E agora não temo mais o silêncio, nem a noite escura.

Há alguns anos ele veio sorrindo na minha direção e nunca mais foi embora.

Não me falou de amor naquela noite. Só me explicou sobre a batida da música que gostava.

Era novembro, precisamente, dia 18. E eu, que sempre fui ímpar, num piscar de olhos, me fiz par.

Tinha era mágica naquela noite. E eu que ainda era rascunho, comecei a ser transformada em desenho artístico.

Fui te guardando aqui dentro, enquanto você me fazia explodir. De felicidades certas. De esperas alegres. De longos telefonemas. De palavras tranquilas. De gargalhadas pueris...

Fechava os olhos para imaginar o mundo que você pintava pra mim ao som de "La Valse d' Amelie" e naquele instante tudo parava para que pudêssemos sonhar. Com você assisti o filme, que de todos os outros, passou a ser o meu preferido. E de onde saírá o nome da nossa primeira filha.

Nos entendemos com os olhos e costuramos duas vidas pra bordar um tecido lindo no final. Pano meu e seu que foi rasgado, agora virará bordado anelar de ouro. Quem tece com o suor sabe o quanto é trabalhoso remendar pedaços distintos. Mas juntos costuramos uma vida na outra.

E assim seguimos... Você carregando minha estrela no peito e eu colhendo todas as linhas que você perdeu no caminho.

É sempre mágico nosso encontro. É muito justo a gente junto. E até meu coração, de desgovernado que era, agora procura bater no ritmo do seu. Fazendo dança, sempre pendendo pro lado esquerdo.

E sigo buscando no seu jeito sem graça, poesia pra nossa vida.

Somos um casal real, que não vive só do amor-romântico . Vivemos do nosso suspirar e da entrega de cada dia. Coisa de quem aprendeu que a solidão perde o encanto, quando se tem a mão um do outro pra agarrar forte e ouvir: " - vai ficar tudo bem. "

É laço que não se desfaz. Compromisso sem nome. Afinal, tanta coisa importante falta nome...

E agora não planejo mais nada, porque só quero descansar meu coração no seu. Você, que me ensinou a varrer muitas pedras do caminho.

Foi numa noite dessas, depois de meses, que me falou de amor. 

E agora, passado alguns anos, me pediu pra sermos pra sempre...

Arrancou a estrela do peito pra me entregar.

Peguei.

Era o coração.

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