segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Sobre o ponto final...


Como é difícil colocar um fim na história que imaginávamos ser eterna. Confesso que pra mim é como tirar o chão que caminho há tanto tempo a ponto dos meus pés conhecerem todos os desvios. 

Eu tenho particularidades que me diferem dos denominados "normais". Não me sinto inserida no mundo. Eu nunca me senti confortável! Sempre fui uma criança diferente, que optava por brincar sozinha porque achava muito mais divertido. Uma adolescente que tentava ser igual, mas sempre errava o final. E, agora adulta, me sinto menos confortável ainda. Vejo o mundo com olhos que sentem, mas não sei sentir...

Não sei onde colocar as mãos e os pés e eu nunca acho que estou olhando na direção certa. Todos os meus gestos foram treinados. Você pode me ver e achar que tudo está normal, mas eu tô planejando a posição das minhas sobrancelhas na sua próxima frase ou estou mordendo as minhas bochechas só porque sim.

Algumas vezes na vida  conheci pessoas com quem eu me sentia confortável.  É uma coisa que leva muito tempo. Leva muito tempo até que eu deixe de esconder as mãos nos bolsos e consiga segurar a mão de alguém. Mais tempo ainda pra que eu não tente me livrar de um abraço ou, voluntariamente, apoie minha cabeça no ombro ao lado. Algumas pessoas dizem "eu te amo", eu permito que a pessoas mexa no meu cabelo e me abrace, com menos rispidez.

E depois de tanto tempo, quando finalmente consigo ficar parada vendo tv com um braço em volta de mim. Quando finalmente me sinto confortável com aquele calor que não é meu. Além de me despedir do sentimento, eu tenho que me despedir do corpo. Das mãos, dos ombros, dos pés que depois de tanto tempo eu permiti que tocassem os meus embaixo do lençol sem que eu tivesse um ataque de ansiedade ou soltasse um chute involuntário o empurrando pra longe.
 
Não tem mais. E é só o meu corpo de novo, sem saber o que fazer com meus dedos dos pés, sem esmalte, dentro da sandália. Eu tentando esconder que estou procurando uma posição confortável pra minha própria língua dentro da boca...

Não é só dar adeus a alguém. É dar adeus conforto de ser eu mesma.

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